PALESTRA MARCA O INÍCIO DO PROJETO ESCOLA MISSIONEIRA

A palestra marcou o início do Projeto Escola Missioneira, que será desenvolvido pelas escolas municipais de Giruá.


PALESTRA MARCA O INÍCIO DO PROJETO ESCOLA MISSIONEIRA

 

            No dia 11 março, dentre as diversas atividades proporcionadas pela 10ª Festa do Butiá, as equipes diretivas e professores da rede municipal de ensino participaram da palestra “Pioneirismo nas Missões” com Silvano Saragoso, que ostenta um vasto currículo e se dedica ao estudo da história missioneira. Além de advogado, jornalista e compositor nativista, Saragoso possui especialização em Gerenciamento de Cidades e trabalhou na assessoria de quatro governadores do Rio Grande do Sul e, atualmente, trabalha na Comissão de Assuntos Municipais na Assembleia Legislativa do estado.

 

            A palestra marcou o início do Projeto Escola Missioneira, que será desenvolvido pelas escolas municipais de Giruá. A fala de contextualização e instigação para a busca de novos conteúdos buscou também resgatar verdades da história missioneira que ainda não foram reveladas. A fala foi dirigida as equipes diretivas das Escolas Municipais, e contou com a participação do CTG Querência Crioula. A iniciativa contou com a presença do Prefeito Municipal, Fabiam Thomas e da Secretária de Educação e Cultura, Fátima Ehlert.

 

            Com muita veemência e altivez o palestrante encantou o público e os jovens que peões e prendas presentes. Abaixo, algumas de suas constatações sobre o que os livros não contam sobre a história das Missões:


> Por mais de cento e cinquenta anos, os índios guaranis e os padres jesuítas da Companhia de Jesus organizaram e viveram um tipo de sociedade que foi considerada por Voltaire e Montesquieu, pensadores franceses, inspiradores da Revolução Francesa, como o “ TRIUNFO DA HUMANIDADE “ - também chamada de “ A REDENÇÃO DA HUMANIDADE “,  A SOCIEDADE QUE O CRISTIANISMO PROCURA HÁ MAIS DE DOIS MIL ANOS E SÓ NAS MISSÕES FOI VIVENCIADA.
 

> Nas reduções missioneiras, muito antes dos ingleses, os índios jogavam futebol ( bola );
 

> A organização jurídica própria estipulava 6 a 7 horas para a jornada de trabalho diária, com folga aos domingos, sábados, feriados e dias santos;
 

> Aqui teve início o movimento do cooperativismo, muito antes da Europa;
 

> Enquanto o mundo era envolvido por sistemas de governo entre reis e príncipes versus escravos e povo oprimido, as Missões elegiam seus Alferes (Prefeitos), e no Cabíldo elegiam seus representantes do povo (Vereadores);
 

> A Redução tinha uma espécie de Poder Judiciário e uma organização baseada na educação e na cultura. Havia escolas, oficinas, canto, escultura, e muitas outras atividades na área das artes. Nossos índios cantaram e encantaram nos salões da Europa;
 

> O trabalho era uma honra. O ócio, uma vergonha. Todos iam trabalhar cantando e voltam cantando;
 

> Desde aqueles tempos, já havia nas reduções o sistema previdenciário. Todos tinham acesso a saúde e o Coti-guazu abrigava os órfãos, viúvas, portadores de deficiências, anciãos e todos que por motivos comprovados não pudessem trabalhar;

 

> Nos Sete Povos Missioneiros, foram plantadas as primeiras videiras e produzido o primeiro vinho gaúcho, em São Nicolau, pelo Padre Roque Gonzales de Santa Cruz;
 

> Em 1626 foi fundada a primeira urbe, ou município, do Rio Grande do Sul, em São Nicolau . E no mesmo dia rezada a primeira missa: 3 de maio;
 

> A conhecida harpa paraguaia, na realidade, foi inventada nos sete povos missioneiros;
 

> Um dos grandes feitos da magnífica sociedade guarani e jesuíta, foi ter fundado a primeira usina de beneficiamento de ferro e aço da América Latina, em São João Batista.
 

> Foram os guaranis, com os padres jesuítas, que realizaram a maior tropeada da história da humanidade. Comandados pelo Padre Cristóvão de Mendoza, mil índios guarani tropearam 400 mil cabeças de gado por 200 léguas;
 

> A economia nas reduções crescia 8% ao ano e o crescimento econômico era com desenvolvimento e justiça social. Não havia fome, discriminações e nenhum tipo de opressão. Havia sim uma justiça severa. As atividades econômicas eram auto sustentáveis, em convívio harmonioso com a fauna e a flora. Total respeito a natureza.
 

Saragoso finalizou dizendo que  “O Forum Social Mundial  prega que um novo mundo é possível. Sim é mesmo. Venham apreender na história missioneira os princípios, ideais e valores para a construção deste novo mundo”.